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Foto do escritorDaniel Lança Perdigão

Tecnologia: foco nos sistemas ou nas pessoas?

Na sequência da III Conferência Human da passada semana e do post que coloquei ontem, fui desenterrar esta reflexão, publicada por mim, precisamente na revista Human no início de 2014 (quase há 2 anos!).

Por muito que nos foquemos nas pessoas, a questão da tecnologia e dos sistemas de informação (SI) é inultrapassável atualmente.

Ao começar esta ref

lexão recordei a primeira vez em que me envolvi num projecto de SI, em 1980. Nessa altura, nesse projeto em concreto, foi dada uma especial atenção aos utilizadores, o que não era comum e continuou a não ser.

Há dias, ao rever o filme sobre a vida de Steve Jobs, fui também levado ao início dos anos 80 e a recordar a atenção diferenciadora que era dada ao utilizador, neste caso em termos de informática pessoal.

Sabendo-se que há mais de trinta anos já se dava atenção às pessoas em projetos de SI e nos interfaces de utilizador, é estranho que em termos de sistemas de informação empresarial ainda se façam projetos sem se envolver as pessoas, de forma adequada, e sem lhes ser dada a devida atenção nas suas empresas.

E quem ganha com isso? Nem as empresas onde os sistemas empresariais estão a ser implementados – pois os projetos não serão os melhores, nem as pessoas que trabalham nessas empresas – pois não contribuem para a solução, nem as empresas de consultoria que têm a seu cargo a implementação dessas soluções – pois acabam por ficar com a imagem prejudicada quando os projetos descarrilam.

Então porque é que os projetos continuam a ser feitos desta forma?

Porque razão uma empresa, que gasta dezenas ou centenas de milhares de euros em aplicações de gestão e em serviços de implementação, não envolve as pessoas adequadas nas fases de planeamento e projeto, nem desenvolve as soluções por forma a que estas se adaptem à sua forma de trabalhar, potenciando assim um maior nível de produtividade?

Então será que pessoas e tecnologia, nos dias de hoje ainda continuam a ter uma convivência difícil?

A verdade é que se continua a assistir a projetos de sistemas de informação com derrapagens enormes, com fortes prejuízos para as empresas e com enormes danos, a vários níveis, para as pessoas envolvidas no seu percurso.

Será que o erro está exclusivamente na execução ou na conjugação de dois fatores adversos, simples de ultrapassar:

  1. envolvendo mais pessoas a vários níveis, na fase de planeamento e planeando assim de acordo com a realidade, e;

  2. executando os projetos de acordo com esse planeamento e continuando a receber apoio e indicações das pessoas certas.

Claro que um projeto desenvolvido desta forma leva mais tempo do que estimado num planeamento clássico, mas decerto que leva menos tempo do que se for executado com base nesse mesmo planeamento clássico e que serão obtidos muito melhores resultados.

Porque algumas grandes empresas continuam a fingir que se preocupam, apostando na análise estatística do impacto da mudança, em vez de se focarem em fazer uma verdadeira gestão da mudança, a começar pelos mais diretamente envolvidos nos projetos e não nos que mais tarde serão de alguma forma afetados?

Claramente a resposta à primeira pergunta é: FOCO NAS PESSOAS!

Daniel Perdigão, Visual Improvement Agent, UpSideUp.pt

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