Como (não) matar a criatividade no Dia Mundial da Criatividade e da Inovação
- Daniel Lança Perdigão
- 21 de abr.
- 2 min de leitura
Hoje celebra-se o Dia Mundial da Criatividade e da Inovação. E se me perguntas o que deveríamos estar a celebrar, eu respondo: a sobrevivência da criatividade, porque ela está a ser assassinada todos os dias, às mãos de processos, chefias, metas mal explicadas e prazos falsos.

Se não leste o artigo da Teresa Amabile na Harvard Business Review, “How to Kill Creativity”, faz um favor à tua equipa e lê. E depois olha bem à tua volta. As empresas dizem que querem inovação, mas continuam a matar a criatividade da forma mais silenciosa e sistemática possível: com boas intenções e más práticas.
Criatividade não é um dom, é um sistema. E como qualquer sistema, pode ser estimulado… ou destruído.
A criatividade floresce quando três ingredientes estão alinhados:
Conhecimento (domínio do tema) – técnico, prático ou teórico.
Capacidade de pensamento criativo – a tal aptidão para combinar ideias de formas novas.
Motivação – e aqui é onde se joga tudo.
E mais ainda: a motivação mais poderosa é a intrínseca. Aquela faísca que nos faz vibrar com um problema difícil, a vontade de resolver algo só porque sim, porque é importante, porque nos desafia. Não por um prémio. Não por um bónus. Não por medo de levar nas orelhas!
Queres matar a criatividade? Fácil.
Aloca recursos ridículos.
Muda os objetivos todas as semanas.
Monta equipas homogéneas e sem química.
Usa o tempo como arma (“para ontem”, é o novo normal).
Garante que cada ideia nova passe por três comités e dez avaliações antes de ser testada.
Nunca reconheças o esforço se o resultado não for perfeito.
Queres salvá-la? Mais difícil. Exige coragem. E liderança.
Dá liberdade para escolher como fazer, mesmo que determines o quê.
Mantém os objetivos estáveis o tempo suficiente para as pessoas terem tempo de os escalar.
Mistura pessoas com experiências e estilos diferentes – a fricção criativa é fértil.
Elogia as boas ideias… mesmo quando não funcionam. Porque o que não resulta hoje pode ser ouro amanhã.
Dá tempo. Criatividade não é um sprint. É um jogo de resistência.
Se ainda estás a pensar “mas eu sou da contabilidade, a criatividade não é para mim”, pensa duas vezes. Toda a organização beneficia de criatividade: na forma como comunicas, como geres, como resolves, como pensas. A criatividade não é um talento reservado aos artistas – é a arte de resolver problemas com novos olhos.
Hoje é Dia Mundial da Criatividade e da Inovação. E amanhã? Amanhã continuas a dar espaço para que ela respire? Ou voltas a apertar o garrote?
O desafio é simples: Olha para a tua equipa. Olha para ti. Que práticas estão a estimular a criatividade? E quais estão a matá-la lentamente?
Agora a parte difícil: muda o que precisa de ser mudado. Nem tudo depende de ti, mas muito mais do que imaginas está nas tuas mãos.
Call to action: Partilha este artigo com alguém que esteja a precisar de um empurrãozinho para liderar com criatividade. E se quiseres conversar sobre como trazer mais liberdade, motivação e inovação para a tua organização… já sabes onde me encontrar.
Daniel Lança Perdigão
abril de 2025
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